A savana brasileira, localmente conhecida como Cerrado, tem sido caracterizada como um dos ecossistemas mais ameaçados do mundo em termos de biodiversidade, com grande parte da área original convertida em atividades como a pastagem e a agricultura. Diante deste passivo ambiental, a criação de corredores ecológicos tem-se mostrado como uma das alternativas para preservar este ecossistema, bem como para promoção do conhecimento de seu imenso valor ecológico. A sua rica biodiversidade, muitas vezes endêmica, é favorecida pela presença de três das maiores bacias hidrográficas da América do Sul (Paraná-Paraguai, Araguaia-Tocantins e São Francisco), além de uma grande diversidade de solos e geologia. O corredor ecológico é um instrumento de ordenamento da paisagem validado pelo Sistema Nacional de UC – SNUC, que vem sendo utilizado pelo ICMBio para identificar possíveis áreas prioritárias para cumprir o importante papel de manter a conexão ecológica entre as unidades de conservação, evitando o isolamento destas áreas protegidas em meio a uma paisagem degradada pela ação humana. Tal instrumento é um importante aliado a preservação da biodiversidade, ligado aos conceitos de desenvolvimento econômico e sócio-ambiental. Tais áreas interagem com a movimentação e dispersão de vida selvagem e de fluxo gênico, sustentando a conectividade entre habitats do referido ecossistema. Além disso potencializam a cooperação entre variados níveis de governo e diferentes segmentos da sociedade civil (ex. IBAMA, SEMMAs, ONGs, etc.). A seguir são elencados os principais corredores planejados para o bioma Cerrado. CERRADO-PANTANAL Será o elo de ligação entre ambientes do cerrado e do Pantanal, nos estados de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, com 800 km de extensão. Deverá conectar áreas isoladas de mata a partir do Parque Nacional das Emas, no sudoeste de Goiás, até a região do Pantanal, e irá interligar ambientes protegidos e reservas de propriedade particular. O objetivo é garantir de fluxo de espécies nessas regiões e evitar o colapso da fauna e da flora provocado pela ocupação humana do Centro-Oeste. Estão envolvidos no projeto 25 pesquisadores brasileiros, dirigidos pela Conservation International, que recebeu investimento de US$ 2 milhões para os primeiros cinco anos. Reinaldo Lourival, diretor regional da Conservation International no Pantanal, disse que a conexão entre os diferentes ecossistemas deve permitir que espécies animais e vegetais troquem genes e mantenham seus ciclos biológicos, garantindo, assim, sua sobrevivência a longo prazo. Espécies migratórias e de grande porte serão as mais beneficiadas. É o caso de um grupo de onças-pintadas, monitorado pelo pesquisador Leandro Silveira, do Projeto Pró-Carnívoros, nas duas pontas do corredor: no Parque Nacional das Emas e na Fazenda Rio Negro, na região pantaneira. 'A onça-pintada é bastante dependente do corredor, pois essa espécie é muito sensível a ambientes alterados', diz Silveira. Segundo Mônica Harris, coordenadora do projeto no Pantanal, quando animais de uma mesma espécie ficam acuados num território pequeno demais, num dado ambiente, o impedimento do fluxo de indivíduos diminui a diversidade genética do grupo. Para evitar a reprodução dentro de um grupo isolado, pesquisadores detectaram regiões prioritárias para a conservação, escolhidas em função da existência de espécies endêmicas (que só existem numa dada região), da biodiversidade e dos problemas referentes à redução de área. Sem a possibilidade de trocar genes, a espécie está excluída da capacidade de adaptação às mudanças ambientais e está, portanto, fadada ao desastre biológico Alguns animais já estão sendo monitorados ao longo do corredor por métodos como o acompanhamento por rádio, a marcação de indivíduos e o inventário de espécies, entre outros. ARAGUAIA-BANANAL |
A planície do Bananal é uma das maiores áreas de sedimentação fluvial do Continente, semelhante ao Pantanal Matogrossense. Os impactos induzidos pela ação antrópica, principalmente pelo desmatamento para expansão da fronteira agropecuária no Cerrado, têm produzido processos acelerados de erosão na parte alta da bacia, cujas conseqüências de médio e longo prazos para o sistema principal são ainda desconhecidas, podendo-se verificar, no curto prazo, a degradação da qualidade de suas águas por contaminantes de diversos tipos. Erosão e assoreamento são dois impactos ambientais que vêm sendo constatados na bacia do rio Araguaia, mas só existem dados significativos para a parte alta da bacia.
Vários aspectos fazem-na uma área de particular interesse para a s pesquisas de recursos hídricos e diversidade florística e faunística de ambientes aquáticos. Ela é a quarta em tamanho na América do Sul.
Vários aspectos fazem-na uma área de particular interesse para a s pesquisas de recursos hídricos e diversidade florística e faunística de ambientes aquáticos. Ela é a quarta em tamanho na América do Sul.
A fim de garantir um efetivo Corredor Ecológico, propõe-se uma área com limite norte na APA estadual do Cantão; um extremo sul em Aruanã, o limite leste ao longo da margem direita do Araguaia-Javaés, e como extremo oeste o escarpamento da Serra do Roncador. Portanto, o Corredor se estenderia ao longo da bacia do Bananal, a qual compreende a Ilha do mesmo nome e o Pantanal do rio das Mortes, a planície aluvial do Araguaia e pequenas áreas periféricas .
PARANÃ-PIRENEUS
Refere-se a um limite geográfico que engloba parte dos estados de Tocantins, Goiás e Distrito Federal, com uma área aproximada de 10 milhões de hectares. Produto de uma cooperação internacional entre o Brasil (Ministério do Meio Ambiente/IBAMA) e o Japão (JICA - Agência de Cooperação Internacional do Japão), o Corredor Ecológico Paranã-Pireneus, certamente é uma das últimas áreas naturais com viabilidade ecológica no bioma Cerrado.
O corredor deverá interligar cinco unidades de conservação, das quais três federais (Parque Nacional (Parna) Nascentes do Rio Parnaíba, Estação Ecológica (Esec) Serra Geral do Tocantins, Área de Proteção Ambiental (APA) Serra da Tabatinga) e duas estaduais (Parque Estadual do Jalapão e APA do Jalapão).
Fragmentos de bioma interconectados pelo Corredor Paranã-Pireneus
Situado na porção nordeste do Estado de Goiás, com uma área aproximada de 66.000 km2. Dentre os resultados principais, apenas 17 municípios no corredor ecológico, de um total de 34, apresentam mais de 50% de remanescentes de Cerrado. No período de 2001 a 2006, os municípios de Cavalcante e Formosa foram os que mais apresentaram alertas de desmatamentos na área de estudo. Em dissonância com o ainda razoável percentual de Cerrado no corredor, esta área apresenta o menor índice de desenvolvimento humano (0,68) quando comparado com as médias estadual (0,73) e nacional (0,74).
Além de interligar as unidades de conservação, o corredor deverá também proteger as espécies animais e vegetais do cerrado e fomentar alternativas sustentáveis de desenvolvimento nas comunidades, fazendo frente à expansão do agronegócio de monocultura nesse bioma.
Num primeiro momento, o projeto vai promover estudos que vão definir os pontos mais relevantes de conexão ecológica entre essas unidades. A partir desses estudos, o Instituto Chico Mendes e as instituições parceiras vão propor o reconhecimento de um corredor ecológico e, com ele, pretende refrear o avanço agressivo da agricultura intensiva e da pecuária extensiva, bem como estabelecer um ordenamento territorial na região e garantir a preservação dos ecossistemas além dos limites das unidades.CORREDORES ECOLOGICOS NO VALE DO SÃO
PATRICIO/GOIÁS
PATRICIO/GOIÁS
A parceria com os dois órgãos terá início pela elaboração de um mapa da Bacia do Rio das Almas, que terá indicações sobre a melhor maneira de estabelecer corredores ecológicos na região. A partir desse estudo, os proprietários rurais serão contactados para regularizarem as áreas de preservação permanente e reserva legal de suas glebas, contando inclusive
com orientação técnica do Ibama e da Semarh. A recuperação das matas permitirá a formação dos corredores ecológicos.
Um mapa da Bacia do Rio das Almas, no vale do São Patricio, com indicações sobre a melhor maneira de estabelecer corredores ecológicos na região será feito em parceria pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente - Ibama, e a Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos.
Fontes de Consulta:
Fontes de Consulta:
http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=1486